Cala a boca, Philip

O cinema independente transita entre dois lados: enquanto uma parte os vê como um nicho mais inteligente e crítico que as tramas hollywoodianas, a outra direção aponta para um estilo sem graça e às vezes até sem nexo. 

Os amantes da sétima arte sabem que gosto pessoal e qualidade de produção são questões distintas.

Mesmo os que preferem as explosões e os efeitos especiais, aprenderam com o passar dos anos a reconhecer a importância do cinema independente no mundo dos filmes. A exemplo disso, temos o incrível festival de Sundance.

Cala a boca, Philip vem com um estilo próprio de filmagem, angulação e narrativa. Alguns críticos o acharam perdido. Porém, outros veem uma beleza inexplicável no seu jeito cru de mostrar as relações interpessoais.

A trama de Cala a boca, Philip

Philip (Jason Schwartzman) é um escritor egocêntrico, que importa-se apenas com o fato de seu novo romance estar empacado.

Enquanto o seu livro não sai, ele vive um momento complicado com a sua namorada, a fotógrafa Ashley (Elisabeth Moss).

Embora o seu relacionamento esteja à beira do abismo, Philip pouco demonstra interesse em melhorar as suas ações. Ele gaba-se de ser um proeminente escritor e não omite o fato de já ter tido várias mulheres em sua vida.

Os diálogos são rápidos e sintéticos, a câmera traça um perfil semelhante aos usados em filmagens nos anos 70 e até mesmo a imagem sofre algumas distorções durante o desenrolar do enredo. 

Para tornar a história ainda mais complexa, o ídolo de Philip, o também escritor Ike Zimmerman (Jonathan Pryce), o convida para passar uns dias em sua casa, pensando em seus próximos passos.

Sua relação com Ike, embora tenha admiração, nada mais é do que a de dois homens egoístas que precisam de plateia para contar os seus feitos. É este ponto que o filme torna-se ainda mais complexo.

A narrativa para de dar a atenção para ambos e começa a apresentar novos personagens. Entre eles, o destaque fica para Yvette (Joséphine De La Baume). Tudo isso, com uma linguagem que beira a hostilidade e o narcisismo.

Sem a vitalidade de Woody Allen

Alguns críticos viram o modo como Cala a boca, Philip foi filmado como uma inspiração em cima das obras de Woody Allen. O diretor brinca com a banalidade da vida, inserindo um aspecto trágico/cômico nas suas produções.

A grande questão é que o filme não trás o mesmo entusiasmo e vitalidade das criações de Allen. Por isso, ele pode beirar o tedioso e até mesmo parecer uma história sem objetivos. 

Bom, vale destacar que parte do charme do cinema independente é a liberdade para não precisar contar histórias completas e nem oferecer finais (felizes ou não).

Por isso, Cala a boca, Philip passa a mensagem que deseja. Podendo ser interpretada de várias formas por pessoas diferentes.

No final das contas, o filme pode te surpreender. Afinal, o que torna Cala a boca, Philip tão interessante é o fato de que ele mostra os personagens sem arrependimentos, apenas pessoas vivendo o que escolheram para viver.

0 Comments

No Comment.